Exposição inspirada em Tadeusz Kantor patente no MMIPO - Notícias - Santa Casa da Misericórdia do Porto

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Exposição inspirada em Tadeusz Kantor patente no MMIPO
⌚ 24.03.2017
"Kantoriana. Assomar-se à memória" de Fernando Bravo

A Exposição Kantoriana "Assomar-se à Memória" ganhou vida, na galeria dos benfeitores do MMIPO - Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, no passado dia 23 de março. A sessão de inauguração contou com a presença do Provedor da Misericórdia do Porto, António Tavares, do Embaixador da República da Polónia em Lisboa, Jacek Junosza Kisielewski, da Diretora Académica da Escola Superior Artística do Porto, Eduarda Neves e do autor, o artista catalão, Fernando Bravo.

António Tavares afirmou-se surpreendido pela singularidade da exposição e satisfeito pela forma como a Misericórdia do Porto apoia a arte e a cultura, nas suas mais diversas visões e perspetivas. O Provedor realçou ainda que a exposição só se tornou possível com a colaboração da Embaixada da República da Polónia em Lisboa e da ESAP - Escola Superior Artística do Porto, com quem recentemente a Instituição celebrou um protocolo de cooperação.

O autor, Fernando Bravo, optou por partilhar as raízes do processo criativo que culminou na realidade exposta. Fernando Bravo contou que "num determinado momento da sua vida assumiu a tarefa de traduzir a obra de Tadeusz Kantor para espanhol, língua na qual não existia qualquer peça traduzida. Este processo de tradução veio a revelar-se um processo complexo de interpretação, desconstrução e também de criação de ideias próprias, já que a obra de Kantor assume um espaço aberto e vazio para a interpretação de quem a sente". Fernando Bravo criou a sua própria visão, a materialização das suas próprias preocupações, segundo esta perspetiva, querendo também que o público as vivencie e desenvolva o seu próprio processo interpretativo, tal como o Fernando Bravo o havia feitor com as criações de Kantor.

Mas quem era kantor? Tadeusz Kantor foi um dramaturgo, pintor, cenógrafo e encenador. Profundamente influenciado pela arte avant garde, especialmente pelo surrealismo e pela arte informal.Formou-se na Academia de Bela-Artes de Cracóvia, onde estudou pintura e cenografia, com um dos maiores cenógrafos do teatro polonês do séc. XX, Karol Frycz. Nesse período, Kantor desenvolveu a ideia de um necessário radicalismo artístico e da recusa de qualquer compromisso.

A sua formação inicial de pintor soma-se à criação literária e teatral, sob influência do simbolismo e do fantástico. Kantor adota a "destruição" e a "negação" como métodos artísticos, derivando para a recusa do psicologismo, na procura da compreensão do lado infernal, do catastrofismo, da extrapolação das concessões tradicionais de tempo e espaço e das ligações convencionais entre causa e efeito. Kantor contacta também durante o seu percurso com o dadaísmo, o neo-dadaísmo, o cubismo e o surrealismo, influenciando a sua obra de forma direta, nomeadamente com a desumanização nas suas pinturas da figura humana. No encontro entre a forma humana e o objeto, Kantor define o território ambíguo que será fundamental nas suas obras.


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