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Cada ano há um tempo de Advento, quando os dias de novembro abrem a porta ao Inverno.
Nos dias que correm, de isolamento, de medo da doença e de nervos à flor da pele, é grande o risco de falharmos o rumor de Deus.
O rumor de Deus é um ruído de fundo. Remonta à origem do universo. Ou talvez ao porvir. Em Deus, a origem coincide com o porvir.
Por isso, cada ano regressamos ao que não podemos esquecer: que Deus bate à porta sem descanso. Deus é isso mesmo, uma busca incansável da hospitalidade.
A quem serve a Santa Casa da Misericórdia do Porto não falta ocasião de dar hospitalidade ao divino. O rosto do ser humano vulnerável é o lugar e o tempo da visita do divino ao mundo. Vulnerável pela doença, física ou mental, pelo abandono, pela violência, pela velhice amargurada...
Este ano de pandemia é mais Advento: Deus está mais do nosso lado quando a doença percorre descontrolada o nosso mundo. Sofre connosco e resiste connosco. Suplica mais insistentemente o nosso ouvido e o nosso olhar atento.
Por, Jorge Cunha
Capelão Mor da Misericórdia do Porto