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A Misericórdia do Porto marcou presença nas comemorações oficiais dos 200 anos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que tiveram lugar no dia 25 de junho, na Aula Magna da Faculdade. O Provedor, António Tavares, foi um dos oradores da sessão solene, que reuniu figuras públicas, antigos e atuais docentes, alunos e parceiros institucionais. No seu discurso, o Provedor prestou homenagem à história partilhada entre a FMUP e a Misericórdia do Porto, sublinhando o papel da Instituição na criação do ensino médico no Norte do país.
António Tavares evocou o dia 25 de junho de 1825, quando, por alvará régio, a Coroa determinou que a Régia Escola de Cirurgia do Porto se instalasse no Hospital de Santo António, propriedade da Santa Casa. Um momento que marcou o início de uma relação duradoura: "A escola precisava de um hospital onde os seus alunos pudessem adquirir experiência e a Misericórdia do Porto precisava de profissionais competentes para prestar serviços de qualidade aos seus utentes." Ainda hoje, essa parceria se traduz numa aliança entre assistência, formação e inovação, com os olhos postos nos desafios contemporâneos, mas sem nunca esquecer os valores de humanização e proximidade.
O painel de oradores contou também com a participação do Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, da Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, do deputado e antigo aluno da FMUP, Francisco Sousa Vieira, do Professor Manuel Sobrinho Simões e do Diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira.Pode ler a nota de agradecimento do professor catedrático e diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, sobre o dia em que foi assinalado o bicentenário da FMUP, aqui.
A Régia Escola de Cirurgia e a Misericórdia do Porto
A criação da Régia Escola de Cirurgia do Porto, em 1825, representou um ponto de viragem no ensino médico português, até então centralizado em Coimbra. Inspirada nos avanços científicos da Europa e nos ideais iluministas, a nova escola propunha um modelo formativo moderno, prático e centrado na observação clínica. Para isso, precisava de um hospital de referência: o Hospital de Santo António, construído e gerido pela Misericórdia do Porto, tornou-se o seu espaço de acolhimento.
A ligação entre ambas as instituições não foi apenas física, mas institucional. O Provedor da Misericórdia da altura assumiu um papel equiparado ao do Enfermeiro-Mor do Hospital Real de São José, em Lisboa, ficando responsável por acompanhar o funcionamento da Escola. As primeiras aulas e a cerimónia inaugural foram definidas em articulação com a Santa Casa, revelando um compromisso conjunto com o progresso científico e social.
Contudo, a estabilidade seria breve. A guerra civil entre absolutistas e liberais deixou marcas profundas na Escola, com exílios, perseguições e encerramentos. Só em 1834, com o fim das lutas liberais, o ensino foi retomado com novo vigor. A continuidade da instituição e a sua posterior evolução para Escola Médico-Cirúrgica do Porto, integrada no sistema universitário, são testemunhos da resiliência de uma aliança entre ciência e solidariedade. A Misericórdia do Porto foi mais do que anfitriã, foi parceira ativa na formação de gerações de médicos que serviram a cidade e o país.
Ao longo de quase dois séculos, o Hospital de Santo António foi o principal cenário do ensino clínico no Porto, refletindo uma história de cooperação contínua entre a Misericórdia do Porto e a Universidade. Um legado que permanece vivo na missão de formar médicos competentes, humanos e comprometidos com o bem comum. (Fonte: Arquivo Histórico da Casa da Prelada)
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